Por Jenny Hazan
Dra. Wafa Sultan está tentando transformar o mundo Muçulmano. Uma entrevista exclusiva.
Dra. Wafa Sultan primeiro chegou às manchetes depois do 11- 9, quando ela falou contra os rumores gerados no mundo Islâmico de que os ataques tinham sido perpetrados por Judeus e pela CIA. Quatro anos e meio depois, ela provocou mais controvérsia quando apareceu na Al Jazeera, onde argumentou contra a teoria de Samuel P. Huntington do "choque de civilizações" entre o mundo Muçulmano e o mundo Ocidental, e pintou um quadro do conflito livre do relativismo cultural, como sendo o da modernidade contra o barbarismo. No ano passado, ela chamou atenção novamente com a publicação de sua biografia Um Deus que Odeia: a mulher corajosa que inflamou o mundo Muçulmano fala contra os males do Islã Radical (St. Martin's Press, 2009).
Em 2006, o nome da Dra. Sultan apareceu na Time Magazine como sendo uma das 100 pessoas mais influentes no mundo, por expressar abertamente suas críticas sobre o extremismo Islâmico, criticas essas raramente exibidas pelos Muçulmanos. Ela fez isto na primeira página do New York Times, e sua coleção de vídeos no YouTube já foi vista mais de um milhão de vezes.
Desde que a psiquiatra escapou da Síria, sua terra natal, para a Califórnia em 1989, ela fez disto o trabalho de sua vida para abrir os olhos do mundo Ocidental à realidade Islâmica, reeducar o mundo Muçulmano, e criar uma revolução Muçulmana moderada. Este trabalho tem custado sua terra natal, seu relacionamento com a maioria de sua família, sua segurança pessoal e a de sua família.
Tem sido uma luta solitária e muitas vezes aterrorizante. Mas a Dra. Sultan não olha para trás. Ela se orgulha de ter sido uma das primeiras a falar e criar mudanças em ambos os mundos Islâmico e Ocidental. Ela se conforta na convicção de que está lutando pela verdade, pela vida, e pela vitória do bem sobre o mal.
Em uma entrevista concedida por telefone a partir de um local secreto, ela revela por que, contra todas as probabilidades, está confiante de que ela e aqueles que pensam como ela, irão prevalecer.
P1. Por que e quando você deixou a Síria?
Eu acredito que se você der a chance a qualquer homem ou mulher Muçulmana de deixar o seu país, a maioria deles não vai rejeitar a oportunidade por causa da situação miserável em que vivemos em todos os países Islâmicos. Nossa situação é um produto de nossos ensinamentos Islâmicos, os quais somos forçados a seguir, e que não são humanos.
Para mim, o doloroso ponto em que tudo mudou aconteceu em 1979, quando os membros da Irmandade Muçulmana balearam meu professor na University of Alepo Medical School, bem na minha frente. Dr. Yusef al Yusef pertencia à mesma seita Islâmica do presidente Sírio. Enquanto eles atiravam nele, gritavam "Alá é grande!" Na época eu não imaginava que isso acabaria por levar-me a ser quem eu sou hoje, mas este fato me forçou a começar a me perguntar que tipo de Alá nós estamos adorando. Aquele que inspira os homens a matar.
É claro que o meu relato dos eventos tem sido refutado. Alguns dizem que isto não aconteceu no campus, alguns dizem que eu não estava lá para vê-lo. Outros dizem que isto sequer aconteceu. Esta é a única forma que essas pessoas conhecem de se defender. Eles nunca aprenderam como desafiar, logicamente, então quando algo vai contra eles, eles dizem que não é verdadeiro, ou que alguém fez isso, não eles. Esta é a mentalidade deles.
P2. Qual é o problema com o Islã?
Por muitos anos depois do assassinato de meu professor, eu lutei contra um profundo conflito psicológico sobre o que estava por trás do mal naquele dia – seria o próprio Islã ou más pessoas que se apossaram do Islã? Foi extremamente difícil para mim admitir onde o problema estava, mas eu cheguei à conclusão de que o problema está profundamente enraizado no Islã. Os muçulmanos são vítimas de sua própria religião, e não o contrário.
O mundo tem que entender que esta é a raiz do problema. É o Islã. Não é o Islã fundamentalista. Não é o Islã político. Não é o Islã de Wahhabi. Não é o Islã militante. Cresci na Síria, sem nunca ouvir nenhum desses termos. O problema é com o Islã em si. Ele é violento por natureza.
Se você deixar o Alcorão de lado por um momento e olhar a vida de Maomé, um modelo para todo homem Muçulmano, você vai saber o que eu quero dizer. Em uma história “heróica", o profeta decapita 80 homens Judeus, estupra suas mulheres e mata seus filhos e pais, na frente delas. Diga-me, como você pode interpretar essa história de uma forma humana? Alunos Islâmicos da terceira série vêm aprendendo esta história pelos últimos 1.400 anos.
O problema com o Islã é que lhe falta um código moral. Não há ética. A única responsabilidade que um Muçulmano tem é a de adorar Alá, nada, além disso. Os valores humanos mais importantes estão em falta aqui – se sentir responsável por suas más ações ou se arrepender de tê-las cometido. Se você não assumir a responsabilidade por suas más ações, o que mais resta para os seres humanos para construir uma boa vida?
Resulta que o problema nos países Islâmicos não é só com os nossos governos, não é só devido a pobreza e a carência de educação. Sociedades Islâmicas fundamentalmente carecem de ética. Este problema está profundamente enraizado no Islã. Uma vez que você seja capaz de resolver a parte religiosa do mesmo, a parte política será facilmente resolvida.
P3. Se o Islã é uma batalha contra o "infiel", porque os Judeus são mais frequentemente o foco do ataque Islâmico do que os cristãos?
Fomos educados para odiar, para acreditar que devemos apenas adorar Maomé e destruir todos os que não o adoram. Sofremos uma lavagem cerebral para acreditar que o Islã vai dominar o mundo. Nosso principal objetivo - que aprendemos em uma idade muito precoce - é destruir quem não crê no Islã, especialmente os Judeus.
Para responder por que os Judeus em particular, temos de voltar à vida de Maomé. Maomé ensinou que você tem que se manter matando Judeus até o dia do julgamento. Uma lenda conta que no dia do julgamento os Judeus vão tentar se esconder atrás de qualquer coisa que possam encontrar e tudo na terra - pedras, arbustos e colinas - irão sussurrar para os Muçulmanos os locais onde os Judeus estarão aos para que eles possam encontrá-los e matá-los. Todas as coisas que existem na terra, exceto por um certo tipo de árvore, que simpatiza com os Judeus e se recusa a dizer onde estão os seus esconderijos. Um Imã na televisão Árabe disse à sua audiência que essa é a razão pela qual os Judeus em Israel, plantam tantas árvores - para se esconder atrás delas no dia do julgamento.
Minha hipótese é que durante o tempo de Maomé, os Judeus eram mais teimosos para manter a sua religião do que os Cristãos. Os Judeus são descritos no Alcorão como mais hostis ao Islã do que Cristãos. Esta pode ser a razão deles serem o maior alvo Islâmico.
P4. Como você espera mudar os países Islâmicos?
Eu sou uma escritora bem conhecida no mundo Islâmico, onde estou em contacto com milhões de leitores através do meu site. Quando eu escrevo algo que no Ocidente parece muito básico, como porque não é bom mentir, é muito controverso porque eles nunca ouviram falar sobre isso antes.
Esta maneira de educação de valores básicos é a ferramenta número um. Estas pessoas têm sido prisioneiros nos últimos 1.400 anos. A única maneira de mudar as coisas é dar-lhes a oportunidade de serem educados e a liberdade de serem expostos à diferentes pensamentos para que eles possam chegar a suas próprias conclusões.
Por muitos anos, eu tenho criticado os ensinamentos Islâmicos e eu sinto que é como se eu tivesse criado um vácuo para os Muçulmanos no mundo Árabe. Agora estou numa fase onde eu estou construindo um sistema de valores para preencher esta lacuna. Quando você tira alguma coisa, você tem que substituí-la por outra coisa. Eu estou ensinando aos meus leitores valores éticos básicos: como dizer que sente muito se fizer algo errado, como dizer obrigado, por que não mentir, como para ser honesto com seus filhos e como tirar o ódio de seu modo de vida. Estou maravilhada com as respostas positivas de meus leitores.
Gostaria de ampliar meu impacto. Na semana passada recebi um email de um professor universitário do Marrocos, que está construindo um movimento civil contra o Islã com os seus alunos, e pediu-me para me juntar a eles, para inspirá-los.
Eu também tento dar o exemplo. É muito difícil pegar uma estrada ainda não percorrida. É da natureza humana procurar o caminho já percorrido. Mas não quando você toma o caminho não percorrido ele te leva para um lugar onde ninguém foi ainda. Nesta minha jornada tenho inspirado milhões de Muçulmanos. Não tenho dúvidas de que estou fazendo uma mudança positiva no mundo Muçulmano. Acredito que as sementes que estou plantando agora irão produzir grandes resultados daqui a três ou quatro gerações.
P5. Como você espera mudar os países ocidentais?
Quando comecei eu pensei que só precisava reeducar o meu povo no mundo Muçulmano para criar uma nova mentalidade, limpa de ódio. Mas depois que fui introduzida no Ocidente, eu, infelizmente, descobri que o Ocidente precisava ser reeducado, também.
Espero poder ajudar as pessoas no Ocidente a compreenderem a mentalidade Muçulmana. Eles jamais conseguirão derrotar o terrorismo Islâmico, a menos que primeiro entendam essa mentalidade. Você precisa entender os valores do seu inimigo, a fim de levar a melhor sobre eles. A guerra contra o terror tem de ser travada em uma frente ideológica, assim como a militar. O Islã como uma ideologia política, não foi contestada nos últimos 1.400 anos. O apaziguamento do Ocidente tem dado aos Muçulmanos a mensagem de que eles estão certos.
Eu digo com o coração partido, mas você está lutando contra alguém que está disposto a morrer para matar você, então o que você pode infligir a ele? O Ocidente fica com apenas duas opções – matá-los ou ser morto.
Já a situação na Europa é terrível. Eu não me sinto segura lá. Muçulmanos deixam os seus países à procura de uma mudança positiva no Ocidente, mas quando chegam lá, eles não se sentem pressionados a mudar. Eles estão jogando dois jogos: vivendo vidas ocidentais e dizendo ao Ocidente, que são "moderados" e a favor de mudanças, enquanto ao mesmo tempo contam ao seu povo em seus países uma história diferente. Em 50 anos, eu posso ver mais e mais Muçulmanos na Europa e nos EUA. E se nós perdemos o Ocidente - se perdermos a América - onde mais poderemos ir?
P6. Porque o mundo Ocidental está demorando a acordar?
Aqui no Ocidente, precisamos eleger pessoas que estejam dispostas a desafiar a Sharia Islâmica. Será necessário poder político para pará-la. E para que as pessoas saibam que tipo de líderes devem eleger, elas precisam ser educadas sobre o Islã.
Mas é mais do que apenas carência de educação ou de compreensão. Há também interesses conflitantes. O Ocidente precisa do petróleo Saudita e na cultura Islâmica, quando você precisa de mim, eu possuo você. Nos últimos 30 anos, os Sauditas têm procurado fortalecer o Islã no Ocidente, através dos Muçulmanos que vivem aqui. Agora, o governo Saudita está tentando parecer mais moderno e pacífico, mas os danos que causaram já está feito.
Em uma época, eles estavam oferecendo pagar $1.000 para qualquer Americano Muçulmano que acrescentasse "Mohamed" em seu nome. Esta era sua maneira de se infiltrar na sociedade Ocidental.
O rei Saudita também tem muito poder no mundo Islâmico para criar mudanças. Todos no mundo Muçulmano esperam para ver o que o governo Saudita vai fazer. E se não for de seu interesse, eles não fazem nada. Eles sabem que o Ocidente não pode forçá-los porque o Ocidente precisa de petróleo.
É uma situação muito assustadora. Ao mesmo tempo, eu vejo mais pessoas na América despertando. Tenho quase certeza de que o Ocidente vai vencer essa guerra ideológica. A questão é: a que custo? Quantas vidas terão de ser sacrificadas?
P7. Como sua vida mudou?
Minha vida mudou em muitos aspectos nos últimos 20 anos. Para começar, temos de nos mudar a cada seis meses. Eu tenho recebido mais ameaças de morte de mais lugares no mundo do que eu posso contar. Isto se tornou um modo de vida para mim. Não significa que eu não tenha medo, mas eu tento superar o meu medo e aprecio muito esse processo de superação.
Claro que eu nunca mais vou poder voltar para a Síria, ou ir a qualquer país Islâmico novamente. É devastador, porque muito da minha família está lá, meus amigos, e minhas lembranças de infância. Eu estaria mentindo se eu dissesse que isto não me afeta. É como quando você arrancar uma árvore do seu lugar, ela morre. Haverá sempre algo faltando dentro de mim e eu provavelmente vou sentir isto para o resto da minha vida.
Há outros aspectos psicológicos. Eu não me considero "limpa" ainda. Não é fácil se livrar de quem você é e do que lhe foi dito nos primeiros 5-10 anos de sua vida. Não tem sido fácil desfazer o dano que foi feito. Eu ainda estou trabalhando nisso. Viver nos Estados Unidos e estar exposta a diferentes sistemas de crenças e valores tem ajudado muito nesse processo. Eu também fui abençoada com um marido bom, que me apóia.
Eu não me converto porque não acredito em qualquer outra religião específica. No que eu acredito é que existe algum tipo de super poder e é para o bem. Quando eu chego a um ponto onde me pergunto, 'por que você fez isso?’ É a este poder que eu me sinto conectada. É esse tipo de fonte de energia positiva que me faz continuar. Ele me enche com a paixão e a força para continuar.
Tradução: Ivan Kelner
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