domingo, 1 de agosto de 2010

Para os judeus, uma cidade sueca é um “lugar para abandonar”

Donald Snyder / Forward

De certo modo, os gritos de Heil Hitler que freqüentemente saudavam Marcus Ellenberg enquanto ia para a sinagoga de estilo mouro de 107 anos de idade nesta cidade portuária, forçaram este advogado de 32 anos a fazer uma difícil decisão de mudança de vida: temendo pela segurança da sua família, depois de repetidos incidentes anti-semitas, Ellenberg, sua mulher e dois filhos, de forma relutante, desligaram-se e mudaram-se para Israel em maio.

A Suécia, um país considerado um modelo de tolerância, tem, ironicamente sido o refúgio da família de Ellenberg. Seus avos paternos encontraram seu lar em Malmo em 1945, após sobreviver ao Holocausto. Os pais da sua esposa vieram a Malmo, da Polônia em 1968 depois que o governo comunista lançou uma perseguição anti-semita.

Mas, como em muitas outras cidades da Europa, uma população muçulmana em rápido crescimento, vivendo em condições auto-segregadas que parecem aumentar a alienação, tem misturado toxicamente o ódio dirigido às políticas israelenses com ações dos muçulmanos – e de muitos outros não muçulmanos – para transformar as vidas dos judeus locais. Como muitos dos seus correligionários em outras cidades européias, os judeus de Malmo relatam estar sendo sujeitos crescentemente a ameaças, intimidação e violência real em manifestações de apoio a Israel.

“Eu não queria que meus filhos pequenos crescessem nesse ambiente” diz Ellenberg numa entrevista telefônica pouco antes de deixar Malmo. “Não seria bom para eles permanecer em Malmo”.

Malmo, a terceira maior cidade da Suécia, com uma população de aproximadamente 293.900, dos quais somente 760 judeus, atingiu um ponto de mudança mais ou menos em Janeiro de 2009, durante a campanha de Israel em Gaza. Um pequeno grupo, na sua maioria de judeus fez uma passeata que foi projetada como uma demonstração de paz, mas que foi vista como apoio a Israel. Esta demonstração pacífica foi cortada imediatamente quando os manifestantes foram atacados por uma multidão bem maior e vociferante de muçulmanos e esquerdistas suecos que lhes jogaram garrafas e rojões, enquanto a policia parecia incapaz de parar a escalada de agressões físicas.

“Eu estava muito alarmado e contrariado ao mesmo tempo” lembrou Jehoshua Kaufman, um líder da comunidade judaica. “Alarmado porque tinha um monte de pessoas com raiva nos encarando, gritando insultos e jogando garrafas e rojões ao mesmo tempo. O barulho era muito alto. E eu estava zangado porque nós realmente queríamos realizar a manifestação, e não nos estavam permitindo terminá-la”.

Alan Widman, que é um robusto membro do parlamento de quase dois metros de altura e um membro não judeu do Partido Liberal que representa Malmo, falou simplesmente, “Eu nunca tive tanto medo na minha vida”.

Eventualmente os participantes da manifestação foram retirados pela polícia, que não estava presente em um número suficiente como para proteger sua passeata. Porém alguns manifestantes se queixaram que os cães da policia para controle de multidões foram mantidos com a focinheira fechada.

Os Ellenberg não são particularmente religiosos, mas eles têm uma forte identidade judaica e se sentiram incapazes de morar como judeus em Malmo depois deste episódio. Ellenberg diz que ele conhece pelo menos 15 outras famílias judaicas que estão pensando em ir embora.

O anti-semitismo na Europa estava historicamente associado com a extrema direita, porém os judeus entrevistados para este artigo, afirmam que a ameaça na Suécia hoje vem dos muçulmanos e das mudanças nas atitudes em relação aos judeus na sociedade maior.

Saeed Azams, o sheik chefe de Malmo, que representa a maioria dos muçulmanos da cidade, é rápido em repudiar e condenar a violência contra os judeus de Malmo. Recentemente ele, junto com líderes judeus, esteve participando de um grupo de diálogo organizado por funcionários da cidade que procura abordar o assunto. Mas Azams também diminui a seriedade do problema, dizendo que não tem “mais que 100 pessoas, a maioria de menos de 18 anos de idade”, que se engajam na violência e pertencem a gangues de rua. “Há algumas coisas que eu não posso controlar”, falou ele.

Há uma estimativa de 45.000 muçulmanos em Malmo, ou uns 15% da população da cidade. Muitos deles são palestinos, iraquianos e somalis, ou vêm da antiga Iugoslávia.

Mas o problema não é apenas com “muçulmanos”, e não somente de Malmo.

Um problema europeu

Um estudo continental, dirigido pelo Instituto de Pesquisa Interdisciplinar sobre Conflito e Violência da Universidade de Bielefeld na Alemanha, lançado em Dezembro de 2009, encontrou que 45,7% dos europeus pesquisados concordam de alguma forma ou fortemente com a seguinte afirmação “Israel está fazendo uma guerra de exterminação contra os palestinos”. E 37,4% concordaram com a seguinte afirmação: “Considerando a política de Israel eu posso entender porque as pessoas não gostam dos judeus”.

“Há um alto grau de anti-semitismo que está escondido por baixo das críticas às políticas de Israel”, disse Beate Kupper, uma das principais pesquisadoras do estudo, numa entrevista telefônica com Forward , citando estes dados e a tendência a “culpar os judeus em geral pelas políticas de Israel”.

Kupper falou que em lugares onde há um forte tabu contra o uso de expressões anti-semitas como na Alemanha, “a crítica contra Israel é um grande caminho para expressar seu anti-semitismo de uma forma indireta”.

De acordo com Bassam Tibi, professor emérito de Relações Internacionais na Universidade de Goettingen na Alemanha, e autor de vários livros sobre o crescimento do Islã na Europa, os muçulmanos formam uma parte significativa do problema. “O crescimento da diáspora muçulmana na Europa está afetando os judeus”, falou Tibi. Entre algumas populações muçulmanas na Europa – mas não todas – “todo judeu é visto como responsável pelo que Israel está fazendo e pode ser um alvo”.

Em Malmo, o papel da população no problema é visto como significativo. A maioria dos muçulmanos de Malmo vive em Rosengard, a parte mais oriental desta cidade - segregada de fato -, onde o desemprego é de 80%. Antenas parabólicas salpicam os apartamentos dos aranhas-céus para receber a programação de Al-Jazeera e outras redes de cabo em árabe que mantêm os muçulmanos de Malmo constantemente em contato com os mais recentes desenvolvimentos árabe-israelenses.

Sylvia Morfradakis, uma alta funcionária da União Européia que trabalha com os desempregados crônicos, aqueles que têm estado sem trabalho por 10 a 15 anos, disse que o maior motivo para que 80 a 90% dos muçulmanos entre 18 e 34 anos não possam encontrar trabalho é que eles não sabem falar sueco.

“Os empregadores suecos insistem que seus trabalhadores saibam bem sueco, até para os trabalhos baixos”, disse Morfradakis. Ela adiciona “o conceito de bem estar social de ajuda-sem-fim não dá às pessoas o incentivo para fazer alguma coisa para melhorar de vida”.

Mas Per Gudmundson, editor chefe do jornal Svenska Dagbladet, um jornal de grande tiragem na Suécia, é crítico dos políticos que ligam as ações anti-semitas às condições de vida dos muçulmanos. Ele diz que esses políticos oferecem “desculpas brandas” para os adolescentes muçulmanos acusados de crimes anti-semitas. “Os políticos dizem que esses jovens são pobres e oprimidos, e que nós os fizemos sentir ódio. Eles estão dizendo, realmente, que o comportamento desses jovens, de alguma forma, é nossa falta”, disse ele.

De acordo com Gudmundson alguns imigrantes dos países muçulmanos já chegam a Suécia como ardorosos anti-semitas.

A difícil situação dos judeus preocupa Annelie Enochsoh, um membro democrata cristão do parlamento sueco. “Se os judeus se sentem ameaçados na Suécia, então eu me sinto muito assustada sobre o futuro do meu país”, falou ela numa entrevista ao Forward.

A experiência de um rabino do Chabad

Porque ele é o judeu mais visível em Malmo, com seu chapéu de feltro preto, tzitzit e longa barba, o único rabino de Malmo, Shneur Kesselman, 31, é um alvo preferencial para os sentimentos anti-judaicos muçulmanos. O rabino ortodoxo do Chabad diz que durante os seus seis anos na cidade, ele tem sido vítima de mais de 50 incidentes anti-semitas. Kesselman, um americano, é um homem de fala macia, com uma determinação de aço para permanecer em Malmo, apesar do perigo.

Dois membros da Embaixada Americana em Estocolmo o visitaram em abril para discutir a sua segurança. Em relação a Kesselman eles têm bons motivos para se preocupar.

O rabino lembrou o dia em que ele estava atravessando a rua perto da sua casa, junto com sua esposa, quando um carro repentinamente colocou a marcha ré e acelerou em direção a eles. Eles se esquivaram do veículo e mal conseguiram chegar ao outro lado da rua. “Minha esposa ficou aos gritos” diz o rabino. “Foi um evento traumático”.

Os jornais locais reportam que o número de incidentes anti-semitas em Malmo dobrou em 2009 em relação a 2008, embora a polícia não possa confirmar esta informação. Enquanto isso, Fredrik Sieradzki, porta-voz da comunidade judaica de Malmo, estima que, a já pequena população judaica está encolhendo aproximadamente 5% ao ano. “Malmo é um lugar para ir embora”, disse, citando o anti-semitismo como o motivo primordial. “A comunidade era o dobro do seu tamanho duas décadas atrás”. A sinagoga em Foreningsgatan, uma rua elegante, tem uma segurança elaborada. Refletindo o nível de medo, o vidro do prédio não é apenas a prova de balas, falam funcionários da comunidade judaica; é a prova de mísseis. Guardas de segurança revistam os estranhos que procuram entrar na sinagoga.

Alguns pais judeus tentam proteger suas crianças mudando para bairros nos quais há menos muçulmanos nas escolas, como para que os confrontos sejam minimizados. Seis jovens judeus entrevistados relataram abusos anti-semitas por parte dos colegas muçulmanos. De acordo com suas famílias, embora os incidentes fossem reportados às autoridades, nenhum dos perpetradores foi preso, e muito menos punido.

Uma vitima foi Jonathan Tsubarah, 19, o filho de um judeu israelense que se estabeleceu na Suécia. Enquanto ele passeava pela praça de paralelepípedos Gustav Adolph em 21 de agosto de 2009, três homens jovens – um palestino e dois somalis – o pararam e lhe perguntaram de onde ele era – ele lembra.

“Eu sou de Israel”, Tsubarah respondeu.

“Eu sou da Palestina”, um dos agressores retrucou, “e eu vou te matar”.

Os três o empurraram ao chão e bateram-lhe nas costas, diz Tsubarah. “Mata o judeu”, eles gritavam.

“Agora você está orgulhoso de ser um judeu?”.

“Não, não estou não” replicou o jovem desrespeitado. Ele disse que ele fez isso somente para conseguir que eles parassem de lhe bater. Tsubarah planeja ir para Israel e se alistar no exército.

Uma fraca resposta do governo

Muitos judeus culpam a polícia sueca por não controlar o anti-semitismo. A maioria dos crimes de ódio em Malmo são atos de vandalismo, disse Susanne Gosenius, da recém criada Unidade de Crimes de Ódio do Departamento de Polícia de Malmo. Isso inclui pichações com suásticas em prédios. De acordo com Gosenius, a polícia não dá prioridade a este tipo de crimes. “É muito raro que a polícia encontre os perpetradores”, ela disse. “Os suecos não entendem porque suásticas são ruins e como elas ofendem aos judeus”. De acordo com Gosenius, 30% dos crimes de ódio na região de Malmo são anti-semitas.

Os membros do Parlamento têm assistido passeatas anti-Israel nas quais a bandeira israelense foi queimada enquanto as bandeiras do Hamas e do Hezbolla foram hasteadas, e a retórica foi freqüentemente anti-semita e não apenas anti-Israel. Porém está retórica pública não é considerada de ódio e denunciada, diz Henrik Bachner, um escritor e professor de história na Universidade de Lund, perto de Malmo.

“Suécia é um micro-cosmos do anti-semitismo contemporâneo”, diz Charles Small, diretor da Iniciativa da Universidade de Yale para o Estudo do Anti-semitismo. “É uma forma de concordância com o Islã radical, que é diametralmente oposta a tudo o que a Suécia defende.”

Uma iniciativa de diálogo

A situação tem gerado alguns pontos potenciais de luz. Recentemente, Ilmar Reepalu, o prefeito de Malmo, convocou um “fórum de diálogo” que inclui líderes das comunidades muçulmanas e judaicas, bem como altos funcionários da cidade, para melhorar as relações sociais na cidade e a resposta do governo da cidade aos conflitos.

Numa entrevista no seu escritório, o sheik Saeed Azams falou que era errado culpar aos judeus pelos atos de Israel. Azams, que utiliza uma cadeira de rodas, frisou a importância de ensinar aos jovens muçulmanos a parar de igualar os judeus de Malmo com Israel. Mas isso pareceu incluir a idéia de que os judeus, em troca, não deveriam permitir ser vistos como pró - Israel.

“Como a sociedade judaica na Suécia não condena as ações claramente ilegais de Israel”, disse ele, “então as pessoas comuns pensam que os judeus aqui são aliados de Israel, porém isso não é verdade”.

O sheik é um defensor do diálogo com os líderes judeus, e deu as boas vindas à criação do fórum de diálogo. Reepalu, o prefeito de Malmo, tem indicado Bjorn Lagerback, um psicólogo, para ficar responsável pelo recém criado fórum. E Sieradzki, o líder da comunidade judaica, estava otimista sobre as perspectivas para eventualmente melhorar as relações.

Reepalu criou o fórum na esteira da violência do ano passado contra os manifestantes judeus e suas próprias controvertidas expressões que irritaram aos judeus. Dizendo que condenava ambos, Sionismo e anti-semitismo, Reepalu criticou os judeus de Malmo por não se posicionar contra a invasão de Gaza por Israel. “Em vez disso”, disse ele, “eles escolheram organizar uma manifestação no centro de Malmo, que as pessoas interpretaram mal”.

Entrevistado na Prefeitura de Malmo, Lagerback reconheceu uma “situação péssima” em Rosengard, onde caminhões de bombeiros e ambulâncias freqüentemente são apedrejados por jovens muçulmanos raivosos quando estes veículos de emergência passam por lá. Porém como o sheik, ele se apressou em adicionar que aqueles que se engajam em violência eram um número pequeno de pessoas jovens. Ele atribuiu este comportamento às condições de vida de pobreza, moradias superlotadas e desemprego, bem como diferenças culturais.

Expertos suecos concordam que a integração dos muçulmanos à sociedade sueca tem falhado, e isso mina o desenvolvimento de uma sociedade mais diversa. Muitos alunos em escolas muçulmanas muito ortodoxas rejeitam a autoridade de professoras mulheres.

“Nós somos suecos, mas cidadãos de segunda ou terceira classe”, disse Mohammed Abnalheja, vice-presidente da Associação de Moradores Palestinos de Malmo. A organização ensina a crianças de descendência palestina sobre sua ligação à pátria palestina. “Nós temos o direito ao nosso país, Palestina”, ele disse. “Palestina está agora ocupada pelos sionistas”. Abnalheja nasceu de pais palestinos em Baghdad e veio a Malmo com seus pais em 1996. Ele nunca esteve no lugar que chama Palestina.

Enquanto isso, Judith Popinsky de 86 anos de idade, diz que ela já não é mais convidada para falar nas escolas que têm uma maioria de presença muçulmana para contar sua história de sobrevivente do Holocausto.

Popinski encontrou refúgio em Malmo em 1945. Até recentemente ela contava sua história nas escolas de Malmo como parte do programa de estudos do Holocausto. Agora, algumas escolas já não mais chamam sobreviventes para contar suas histórias, porque estudantes muçulmanos os tratam com desrespeito, inclusive ignorando os palestrantes ou saindo da sala de aula.

“Malmo me lembra do anti-semitismo que eu sentia de criança na Polônia antes da guerra”, falou ela a Forward enquanto estava sentada na sala da sua casa, que está enfeitada com tapetes persas e muitos quadros.

“Eu já não estou mais segura como uma judia na Suécia” diz Popinski tremendo e com voz frágil. Mas, ao contrário de outros, ela tenta ficar na Suécia. “Eu não serei uma vítima outra vez”, diz ela.

Tradução: Alberto Milkewitz

domingo, 20 de junho de 2010

O antissemitismo é novamente politicamente correto

Leon de Winter, romancista holandês

É um fenômeno fascinante: Por que as pessoas e organizações que se apresentam como progressistas se unem a muçulmanos reacionários? O grupo “Free Gaza” se mostra apenas como uma aliança de esquerda islâmica. Bem, Gaza já está livre. Israel retirou-se da estreita faixa há cinco anos. E também não há necessidade de qualquer ajuda humanitária. Mais de um milhão de toneladas de suprimentos humanitários entrou em Gaza proveniente de Israel nos últimos 18 meses, o equivalente a quase uma tonelada de ajuda para cada homem, mulher e criança na região.

Mas a população de Gaza votou em eleições democráticas para serem governados por um partido cujo ódio aos judeus é a pedra fundamental da sua existência. Qualquer um que duvide disso deve ler o manifesto do Hamas na Internet.

O fato de que Gaza está completamente "livre de judeus" não é suficiente para o Hamas. Eles querem que Israel também seja "livre de judeus". O bloqueio de Israel para "produtos estratégicos" não foi concebido para punir o povo palestino, mas para impedir o Hamas de obter armas pesadas e construir abrigos subterrâneos. Uma idéia simples de entender.

Por exemplo, ao contrário de Gaza, a Chechênia não é livre. Os russos esmagaram a luta pela independência dos chechenos com o bombardeamento intensivo de sua capital. E o que dizer de um estado curdo? Os turcos e iraquianos infligiram horrores inimagináveis contra os curdos. No entanto, apesar disso, não há a “Flotilha Livre do Curdistão” indo em direção a Turquia, e as autoridades russas não têm medo de serem presas em capitais européias por crimes de guerra.

Aqui estão mais alguns fatos. Vamos observar a taxa de mortalidade infantil em Gaza. Este é um número chave, que diz muito sobre as condições de higiene, nutrição e cuidados com a saúde. Em Israel, a taxa de mortalidade infantil é de 4,17 por 1.000 nascimentos, o que é aproximadamente o mesmo que nos países ocidentais. No Sudão a taxa é de 78,1, ou seja, uma em cada 13 crianças morrem ao nascer. Em Gaza, a mortalidade infantil, por 1.000 nascimentos é 17,71. Sim, este número é maior do que em Israel, mas muito menor do que no Sudão. E a taxa de mortalidade infantil da Turquia? Bem, isso é 24,84. Sim, mais crianças morrem ao nascer na Turquia do que em Gaza.

Aqui está outro fato. A expectativa de vida é 73 anos em Gaza. E na Turquia, novo protetor de Gaza, a expectativa de vida é de apenas 72 anos. Se os israelenses realmente queriam tornar a vida dos palestinos curta e desagradável, então eles estão obviamente fazendo algo errado. Os progressistas não ligam para qualquer outro grupo de muçulmanos pobres ou oprimidos. Eles só clamam pelas "vítimas" dos judeus. Por que isso acontece? Uma das razões é Yasser Arafat, cujo gênio foi redefinir a causa palestina na retórica neo-marxista e antiimperialista. Ele criou um novo contexto para o seu povo: a luta contra o colonialismo e o racismo. Ele era um líder corrupto clássico com um talento incrível para jogar com a mídia e os políticos ocidentais. Os progressistas adotaram os palestinos como seus favoritos, a vítima quintessência do imperialismo e do colonialismo, como resumido pelo estado sionista.

Mas há outra razão pela qual os progressistas ocidentais odeiam Israel, mas são indiferentes para as violações dos direitos humanos na Turquia, Irã ou Rússia. Isto por causa do Holocausto. Os europeus, que representam muito do que vai para a opinião pública mundial, se cansaram de carregar a culpa pela destruição dos judeus do continente. Eles começaram a sonhar com alguma forma de libertação histórica. Isso está vindo na forma de resposta militar de Israel aos ataques islâmicos e terroristas.

Os europeus não poderiam perder a oportunidade de difamar os judeus e redefinir as medidas de defesa de Israel como “desproporcional” ou total agressão - em outras palavras, crimes de guerra. Na visão dos progressistas europeus, o conflito Israel-Palestina tornou-se um conflito sem comparação, um fenômeno único de vítimas européias gerando vítimas palestinas, que parecia diminuir o peso dos europeus sobre o massacre do povo judeu. Assistindo a demonização de Israel, o ataque ao seu direito de defesa, como disse o primeiro-ministro Benyamin Netanyahu, torna-se claro que existe uma necessidade profunda entre os europeus em chamar os judeus de assassinos. É por isso que os palestinos, como "vítimas" dos judeus, são mais importantes que as numerosas vítimas muçulmanas dos extremistas também muçulmanos.

É por isso que milhões de outros muçulmanos que vivem em piores condições do que os palestinos dificilmente recebem qualquer menção na mídia. É por isso que Gaza é comparada com o Gueto de Varsóvia e Auschwitz. Ao chamar os israelenses de nazistas, os verdadeiros nazistas foram legitimados. É como se os europeus, liderados pelos progressistas, desejassem que os árabes terminassem o trabalho. Chega com os judeus. Isto é o que é: a libertação da Europa do legado do Holocausto.

Por décadas, os nossos progressistas, ativistas pacifistas ocidentais, foram enganados e manipulados por árabes tiranos e agora por turcos e iranianos islamitas. Eles estão ajudando nos esforços para destruir um dos maiores sucessos dos tempos modernos: a criação do Estado de Israel. O que temos assistido com a frota de Gaza é a execução perfeita de uma obra magistral de teatro islâmico. A indignação selvagem da mídia, um orgasmo de hipocrisia, marca o próximo capítulo da longa história do ódio dos europeus contra os judeus.

É politicamente correto, novamente, ser um antissemita.

Publicado no Wall Street Journal

domingo, 13 de junho de 2010

ESTE É O ALIADO DE LULA E DE CELSO AMORIM. OU: O TERRORISMO ESTÁ VENCENDO A GUERRA DE PROPAGANDA

Reinaldo Azevedo

É consenso, a esta altura, que os EUA e a União Européia buscaram a aprovação no Conselho de Segurança da ONU de uma nova rodada de sanções ao Irã, ainda que tímidas, como uma espécie de autorização moral e aviso prévio para sanções mais duras, aí impostas por americanos e europeus. Trata-se de uma etapa. Se o Irã não recuar ou aceitar negociar…

“Não vamos suspender o enriquecimento de urânio”, disse Ali Ashgar Soltanieh, enviado iraniano à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), incluindo o enriquecimento a 20%. Segundo disse, tal hipótese só seria considerada se o país recebesse o combustível de alta concentração das potências ocidentais. É uma alusão àquele suposto “acordo” costurado por Brasil e Turquia. Ocorre que, no dia mesmo do anúncio do dito-cujo, o país reiterou que daria seqüência a seu programa de enriquecimento. Ainda que se efetivasse a troca, os iranianos ficariam com pelo menos uma tonelada do combustível, o bastante para produzir uma ou duas armas nucleares, estima-se.

A esta altura, como diria o megalonanico Celso Amorim, é de se supor que Mahmoud Ahmadionejad esteja “irritado”, coisa que o Brasil tentou evitar, segundo o nosso Colosso de Rhodes da diplomacia. A questão é saber em quais termos ele se irrita. O presidente do Irã está na China, onde participa do “Dia do Irã” na Exposição Mundial de Xangai. Deixou muito claro qual é, literalmente, o seu alvo.

Segundo esse grande aliado do governo brasileiro, os EUA são hoje “governados por sionistas” a serviço de Israel. E refletiu: “Se [os isralenses] atacam o Líbano, os Estados Unidos apóiam; se atacam Gaza, os americanos apóiam; se atacam a ‘Flotilha da Paz’ no mar, a administração americana está por trás (…) Hoje, este regime sionista [de Israel] é o mais odiado do mundo”.

Ahmdinejad não disse, obviamente, por que Israel “atacou” o Líbano (na verdade, atacou os terroristas do Hezbollah) ou Gaza (na verdade, atacou os terroristas do Hamas). Numa coisa, no entanto, ele tem certa razão: aquilo que ele chama de “regime sionista” — o governo democraticamente eleito de Israel, o que o seu jamais será — é mesmo um dos mais “odiados”, ao menos na imprensa iraniana e, tragicamente, em parte da imprensa ocidental, incluindo a brasileira. Basta que terroristas e filoterroristas falem “em nome” da causa palestina e assumem logo a condição de heróis. O mundo não consegue enxergar outras vítimas no Oriente Médio.

Ahmdinejad também resolveu fazer digressões sobre o governo americano — afinadíssimo, como vocês vão notar, com o governo brasileiro e o Itamaraty. “A administração dos Estados Unidos sacrificou os interesses de seu povo pelos dos sionistas”. Certa feita, Lula tentou dar alguns conselhos a Barack Obama na condição de “políticos mais experiente”. Ahmadinejad faz o mesmo: “Talvez [Obama] seja muito imaturo; acho que não conhece muito bem o mundo nem está muito familiarizado com os assuntos políticos”. Repetindo Marco Aurélio Top Top Garcia, Ahmadinejad afirmou que as sanções são uma derrota para os… EUA!

É com esse tipo de gente que se está lidando e é com esse tipo de gente que o Brasil se juntou — e, por um triz, não ficou sozinho no apoio incondicional ao Irã. A Turquia havia decidido de abster no Conselho de Segurança da ONU. Amorim teve quase de implorar um voto solidário.

E se as potências tivessem desistido das sanções? Ahmadinejad teria cantado vitória contra o Império Decadente do Mal e os sionistas. Como elas foram aprovadas, então ele canta vitória contra o Império Decadente do Mal e os sionistas…

Viram? O Brasil não aceita mais aquele mundo em que, como diria o Zóio Junto, “americanos e sionistas” dão as cartas. O Itamaraty quer um mundo em que Arhmadinejad, o Hezbollah e o Hamas participem do jogo em igualdade de condições. O terrorismo está vencendo a guerra de propaganda. Na nossa imprensa, por exemplo, com as exceções de sempre, ele já é emplamente vitorioso.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Em Defesa de Israel

Por Pilar Rahola

Por que não vemos manifestações em Paris, ou em Londres, ou em Barcelona contra as ditaduras islâmicas? Por que não as fazem contra a ditadura birmanesa? Por que não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres que vivem sem nenhum amparo legal? Por que não se manifestam contra o uso de "crianças bomba", nos conflitos onde o Islã está envolvido? Por que nunca lideraram a luta a favor das vítimas da terrível ditadura islâmica do Sudão? Por que nunca se comoveram pelas vítimas de atos terroristas em Israel? Por que não consideram a luta contra o fanatismo islâmico, uma de suas principais causas? Por que não defendem o direito de Israel de se defender e de existir? Por que confundem a defesa da causa palestina, com a justificação do terrorismo palestino?

E a pergunta do "milhão", por que a esquerda européia, e globalmente toda a esquerda, estão obcecadas somente em lutar contra as democracias mais sólidas do planeta, Estados Unidos e Israel, e não contra as piores ditaduras? As duas democracias mais sólidas, e as que sofreram os mais sangrentos atentados do terrorismo mundial. E a esquerda não está preocupada por isso.

E finalmente, o conceito de compromisso com a liberdade. Ouço essa expressão em todos os foros pró-palestinos europeus. "Somos a favor da liberdade dos povos", dizem com ardor. Não é verdade. Nunca se preocuparam com a liberdade dos cidadãos da Síria, do Irã, do Yemen, do Sudão, etc. E nunca se preocuparam com a liberdade destruída dos palestinos que vivem sob o extremismo islâmico do Hamás. Somente se preocupam em usar o conceito de liberdade palestina, como míssil contra a liberdade israelense.

Uma terrível consequência decrre destas duas patologias ideológicas: a Manipulação jornalística.

Finalmente, não é menor o dano que causa a maioria da imprensa internacional. Sobre o conflito árabeisraelense NÃO SE INFORMA, SE FAZ PROPAGANDA. A maioria da imprensa, quando informa sobre Israel, viola todos os princípios do código de ética do jornalismo. E assim, qualquer ato de defesa de Israel se converte em um massacre e qualquer enfrentamento, em um genocídio. Foram ditas tantas barbaridades, que já não se pode acusar Israel de nada pior. Em paralelo, essa mesma imprensa nunca fala da ingerência do Irã ou da Síria a favor da violência contra Israel; da inculcação do fanatismo nas crianças; da corrupção generalizada na Palestina. E quando fala de vítimas, eleva à categoria de tragédia qualquer vítima palestina, e camufla, esconde ou deprecia as vítimas judias.

Termino com uma nota sobre a esquerda espanhola. Muitos são os exemplos que ilustram o anti-israelismo e o antiamericanismo que definem o DNA da esquerda global espanhola. Por exemplo, um partido de esquerda acaba de expulsar um militante, porque criou uma página de defesa de Israel na internet. Cito frases da expulsão:`Nossos amigos são os povos do Irã, Líbia e Venezuela, oprimidos pelo imperialismo. E não um estado nazista como o de Israel.` Por outro exemplo, a prefeita socialista de Ciempuzuelos mudou o dia da Shoá pelo dia da Nakba palestina, depreciando, assim, a mais de 6 milhões de judeus europeus assassinados. Ou em minha cidade, Barcelona, o grupo socialista decidiu celebrar, durante o 60º. aniversário do Estado de Israel, uma semana de `solidariedade com o povo palestino`. Para ilustrar, convidou Leila Khaled, famosa terrorista dos anos 70, atual líder da Frente de Libertação Palestina, que é uma organização considerada terrorista pela União Européia, que defende o uso das bombas contra Israel. E etc. Este pensamento global, que faz parte do politicamente correto, impregna também o discurso do presidente Zapatero. Sua política exterior recai nos tópicos da esquerda lunática e, a respeito do Oriente Médio, sua atitude é inequivocamente pró-árabe. Estou em condições de assegurar que, em particular, Zapatero considera Israel culpado do conflito, e a política do ministro Moratinos vai nesta direção. O fato de que o presidente colocou uma Kefia palestina, em plena guerra do Líbano, não é um acaso. É um símbolo. A Espanha sofreu o atentado islâmico mais grave da Europa, e `Al Andalus` está na mira de todo o terrorismo islâmico. Como escrevi faz tempo, "nos mataram com celulares via satélite, conectados com a Idade Média". E, sem dúvida, a esquerda espanhola está entre as mais anti-israelenses do planeta. E diz ser anti-israelense por solidariedade! Esta é a loucura que quero denunciar com esta conferência.

CONCLUSÃO

Não sou judia, estou vinculada ideologicamente à esquerda e sou jornalista. Por que não sou anti-israelense como a maioria de meus colegas? Porque como não judia, tenho a responsabilidade histórica de lutar contra o ódio aos judeus, e na atualidade, contra o ódio a sua pátria, Israel. A luta contra o anti-semitismo não é coisa dos judeus, é obrigação dos não judeus, Como jornalista, sou obrigada a buscar a verdade, para além dos preconceitos, das mentiras e das manipulações. E sobre Israel não se diz a verdade. E como pessoa de esquerda, que ama o progresso, sou obrigada a defender a liberdade, a cultura, a convivência, a educação cívica das crianças, todos os princípios que as Tábuas da Lei converteram em princípios universais.

Princípios que o islamismo fundamentalista destrói sistematicamente. Quer dizer, como não judia, jornalista de esquerda tenho um tríplice compromisso moral com Israel.

Porque, se Israel for derrotado, serão derrotadas a modernidade, a cultura e a liberdade. A luta de Israel, ainda que n mundo não queira saber, é a luta do mundo.

sábado, 5 de junho de 2010

Ah, Esses Humanistas!!! Ou: Quero Liderar Uma Expedição Humanitária Ao Irã

Eu quero liderar uma frota humanitária de ajuda ao povo iraniano. Se eu decidir me aproximar o Irã ali pelas águas do Golfo Pérsico, numa embarcação israelense, quais são as chances eu tenho de sair vivo desse meu ato humanitário? Ah, eu também lastimo os dez mortos da tal frota. Os “humanistas” que tentaram furar o bloqueio a Gaza, tenho de reconhecer, já saíram vitoriosos. Dez pessoas morreram. Mas o que são 10, 10 mil ou 10 milhões de mortos para esses amantes da humanidade? Nada! Os cadáveres que produzem são o sal da terra de sua luta.

É evidente que a frota humanitária, liderada por uma “ONG” turca (!!!), era uma provocação destinada a provocar o que provocou. Ainda que se possa discutir se o bloqueio é justo ou injusto, é evidente que ele não seria quebrado à força, pouco importa o pretexto — no caso, levar alimentos e ajuda humanitária.

O governo de Israel diz que a agressão partiu dos “humanistas”, que teriam sacado contra seus soldados. A chance de que essa versão seja ao menos considerada é nula. Nem mesmo se noticia que furar um bloqueio militar corresponde a provocar homens preparados para a guerra, pouco importa quem o pratique. A versão que prospera é a de que pobres inocentes levando comida para os palestinos foram assassinados por brucutus israelenses.

Quem liderava o grupo? Uma ONG turca conhecida pela sigla IHH. Quem comanda a dita-cuja? Um senhor chamado Bülent Yildirim. A IHH é mais uma dessas entidades que usam ações humanitárias para esconder o apoio ao terrorismo. Na foto acima, vemos Yildirim, que costuma comparar a situação dos palestinos em Gaza à dos judeus nos campos de concentração nazistas, em companhia de Ismail Haniya, o chefão do Hamas, grupo terrorista que governa Gaza. Há indícios de ligações da IHH com o jihadismo, especialmente a Al Qaeda. Volto ao assunto, mas encerro este post com uma indagação: por que os humanistas não tentaram furar o bloqueio à Gaza pelo lado egípcio, por exemplo?

Reinaldo Azevedo, colunista da Veja. Publicado: Blog do Reinaldo na Veja

Os Piratas Da Paz

O choque entre a marinha israelense e a Flotilha da Liberdade levantou ondas de protesto e indignação no mundo e imediato tsunami condenatório sobre Israel. Mas a maré está baixando e emergem algumas verdades que naufragaram sob o peso do coro dos pacifistas – na verdade, piratas da paz.

A primeira verdade: rejeitados apelos e propostas para evitar o confronto, já que a Flotilha da Liberdade estava decidida a furar o bloqueio militar, comandos israelenses começaram a descer por corda de um helicóptero no navio turco Mavi Marmara. Um a um, os soldados foram recebidos pelos militantes dos direitos humanos a golpes de barra de ferro, facadas e pauladas. Um foi jogado ao mar. De outro retiraram o fuzil. Um linchamento, contido a tiros.

A segunda verdade: Israel se deixou cair na armadilha. A Flotilha da Liberdade, organizada pelo movimento Gaza Livre e a ONG turca Insani Yardim Vakfi, dispunha de um canal aberto pelos israelenses para levar sua ajuda humanitária até Gaza. Só ancorar em Ashdod, passar pela alfândega e seguir pela estrada, tão curta que os mísseis do Hamas a atravessam inteira. Mas não: Bülent Yildrim, o humanitário-pacifista-chefe turco, é amigão de Ismail Haniya, o chefão do Hamas. Aos dois conviriam alguns mártires. E agora eles os exibem ao mundo.

A terceira verdade. Por que abordar a Flotilha da Liberdade? Esta era uma pergunta que se fazia ontem em Israel, país de tantos estrategistas de guerra quantos de técnicos de futebol no Brasil. A marinha poderia simplesmente bloquear o caminho. Ante alguma insistência, elevar o tom: um disparo de advertência. Teimosia? Acertar as máquinas dos navios e deixá-los singrar a esmo nas turbulentas águas políticas do Oriente Médio.

Yasser Arafat também quis navegar contra Israel. Em 1988, batizou um navio de O Retorno e o lotou de refugiados palestinos. O serviço secreto israelense o esperou ancorar em Chipre, escala também da Flotilha da Liberdade, e o sabotou ao ponto de só navegar a remo. Ironia do destino: Arafat partiu para o exílio num navio chamado Atlântida, o continente e sua Palestina perdidos. Uma opção final seria deixar um só dos seis navios ir até Gaza, sob escolta, sem considerar um precedente aberto.

A quarta verdade. Foi um massacre: durante o dia inteiro, o tsunami contra Israel rendeu bandeiras queimadas, protestos diante de embaixadas, passeatas, declarações oficiais de protesto e deixou até o nosso chanceler Celso Amorim "chocado", ele que não se abala com os mortos de Teerã e nem de Cuba. Os israelenses sempre perdem a guerra de Hasbará, palavra hebraica para esclarecimento. Quando pensam em esclarecer, o barulho da maioria automática do mundo árabe os sufoca. Em qualquer situação, serão culpados.

Uma Flotilha da Liberdade jamais tentará aportar no Irã, na Coréia do Norte ou em Havana. Há pouco tempo, os turcos ameaçavam romper com Israel se não recebessem armas israelenses que compraram.

São as contradições israelenses. Uma é armar o seu próprio inimigo. Outra: ontem à noite, membros do Conselho de Segurança da ONU pediram que Israel acabe com o bloqueio a Gaza – e foi o que Israel fez, exatamente, em 2005, para então virar o alvo de uma chuva constante de mísseis contra sua população civil – e daí o bloqueio e a Flotilha da Liberdade.

Moisés Rabinovici , correspondente em Israel entre os anos de 1979 a 84

domingo, 30 de maio de 2010

"Feio quanto parece"

Por Thomas L. Friedman, do The New York Times

Confesso que quando vi a foto do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o premier turco, Recep Tayyip Erdogan, de braços levantados, depois de assinar o acordo para supostamente desarmar a crise sobre o programa nuclear iraniano, tudo o que pude pensar foi: há algo pior do que assistir a democratas vendendo outros democratas a um criminoso iraniano, que nega o Holocausto e frauda eleições, só para implicar com os EUA e mostrar que eles também podem tomar parte do jogo dos poderosos? Durante anos, países não alinhados e em desenvolvimento acusaram os EUA de satisfazer cinicamente seus interesses, sem levar em conta os direitos humanos, observou Karim Sadjadpour, da Carnegie Endowment. À medida que Turquia e Brasil aspiram a atuar globalmente, vão se defrontar com as mesmas críticas que antes faziam. A visita de Lula e Erdogan ocorreu dias após o Irã executar cinco prisioneiros políticos. Eles abraçaram Ahmadinejad, mas nada disseram sobre direitos humanos.

Turquia e Brasil são democracias nascentes que superaram suas próprias ditaduras militares. É vergonhoso que seus líderes fortaleçam um presidente que usa o exército para matar democratas iranianos que buscam a mesma liberdade política e de expressão de que turcos e brasileiros hoje desfrutam. Lula é um gigante político, mas moralmente tem sido decepcionante, disse Moisés Naím, editor da revista Foreign Policy. Lula tem apoiado os que frustram a democracia na América Latina, observou. Ele regularmente elogia Hugo Chávez, da Venezuela, e o ditador cubano Fidel Castro e agora Ahmadinejad , enquanto denuncia a Colômbia, uma das histórias democráticas de sucesso, porque o país permitiu que os EUA usem bases locais para combater o narcotráfico. Lula tem sido ótimo para o Brasil, mas terrível para seus vizinhos democráticos, disse Naím. Lula se tornou conhecido como líder dos trabalhadores no Brasil, mas virou as costas a líderes dos trabalhadores duramente reprimidos no Irã.

O Irã tem hoje 2.200 quilos de urânio com baixo teor de enriquecimento. Pelo acordo do dia 17, o país supostamente concordou em enviar 1.200 quilos à Turquia para conversão em combustível para seu reator médico em Teerã que não pode ser usado para uma bomba. Mas isto ainda deixaria o Irã com cerca de 1.000 quilos, que o país continua se recusando a submeter à inspeção internacional e está livre para continuar a reprocessar aos elevados níveis de enriquecimento requeridos para a bomba. Especialistas afirmam que o Irã levaria seis meses para acumular novamente quantidade suficiente para uma arma nuclear. Assim, o que esse acordo faz é o que o Irã queria: enfraquecer a coalizão que pressiona o país a abrir suas instalações nucleares aos inspetores da ONU e, como um bônus especial, legitima Ahmadinejad no primeiro aniversário da repressão ordenada por ele contra o movimento democrático iraniano, que pedia uma recontagem dos votos das eleições fraudulentas de 2009. A meu ver, a Revolução Verde no Irã é o mais importante movimento democrático espontâneo a surgir no Oriente Médio em décadas. Ele foi suprimido mas não desapareceu e, no final das contas, seu sucesso é a única fonte de segurança e estabilidade.

É como me disse Abbas Milani, da Universidade de Stanford: A única solução de longo prazo para o impasse é um regime mais democrático, responsável e transparente em Teerã. Os clérigos iranianos praticam com sucesso um grande jogo de enganação ao fazer da questão nuclear quase o único ponto focal de suas relações com os EUA e o Ocidente. Estes deveriam ter adotado uma política de duas vias: sérias negociações sobre a questão nuclear e não menos sérias discussões sobre direitos humanos e democracia no Irã. Preferiria que o Irã nunca tivesse a bomba. O mundo seria muito mais seguro sem novas armas nucleares, especialmente no Oriente Médio. Mas se o Irã conseguir, fará uma grande diferença se o dedo no gatilho for o de um Irã democrático ou o da atual ditadura religiosa e criminosa. Quem trabalhar para adiar isto e promover a democracia no Irã estará ao lado dos anjos. Quem ajudar esse regime tirânico e der cobertura a sua maldade nuclear um dia terá de prestar contas ao povo iraniano

Publicado em O Globo (27 de Maio de 2010)

sábado, 29 de maio de 2010

Portas Fechadas

João Pereira Coutinho, colunista da Folha de São Paulo

Noam Chomsky foi impedido de entrar em Israel. Ocorreu na semana passada: o famoso linguista do M.I.T. desejava entrar no país. Para ensinar na Universidade Birzeit, em Ramallah, e ter um encontro com o premiê da Autoridade Palestina, Salam Fayyad. Um guarda travou os intentos de Chomsky, interrogou o octogenário durante horas e disse-lhe no fim: Israel não gosta do que você escreve. O ministro do Interior israelense, instado a comentar a atitude do guarda, afirmou tratar-se de um "mal-entendido". E garantiu que a autorização da entrada de Chomsky seria "reavaliada". Chomsky não deseja ser "reavaliado", muito menos por um governo que ele compara regularmente com o regime sul-africano em pleno apartheid. Ou, pior, com a União Soviética: em declarações ao jornal "Haaretz", disse o professor que o comportamento de Israel fazia lembrar o Kremlin do camarada Stálin. A comparação talvez soe um pouco excessiva, uma vez que Chomsky não foi fuzilado de imediato ou, em alternativa, enviado para um campo de concentração na Sibéria local. Mas entendo o estado de espírito do professor Chomsky.

Entendo e solidarizo-me com ele: a ser verdade que o Estado de Israel impediu conscientemente a entrada de Chomsky no território, a atitude é lamentável. E lamentável porque constitui uma negação da democracia pluralista que Israel representa - coisa única no Oriente Médio. Os textos e as posições de Chomsky contra Israel não são do agrado das autoridades? Fato. Como também é um fato que não deve fazer as delícias de Israel as defesas que Chomsky fez de negacionistas do Holocausto, como o infame Robert Faurisson, que teve um prefácio do norte-americano em um dos seus livros antissemitas. Mas pretender punir os críticos externos de qualquer regime, por mais extremistas ou lunáticos que esses críticos sejam, deve merecer o repúdio de qualquer alma liberal que se preze.

Pena que essas almas não abundem por aí. Ou, melhor, só abundam em determinadas situações. Apareceram agora, com o caso Chomsky, prontas a cavalgar a onda antisionista. Nunca aparecem, por exemplo, quando universidades ocidentais desejam boicotar acadêmicos israelenses com o intuito de os impedir de ensinar como forma de punição pelas ações do governo de Israel. Chomsky, nesse capítulo, tem sido exemplar no incitamento ao boicote, no M.I.T. ou em Harvard. Curiosamente, essa forma de intolerância não perturba os humanistas. E, no entanto, ela sempre me pareceu mais grave e mais insidiosa do que a mera interdição de entrada a Chomsky. No caso do professor, existe pelo menos um comportamento público do personagem que podemos singularizar: uma oposição feroz a Israel, muitas vezes com termos de uma profunda violência moral. Nada disso justifica ações de retaliação, repito. Mas essas ações não nascem do nada: elas são uma reação a qualquer coisa de tangível.

O boicote a acadêmicos israelenses nada tem de tangível ou racional. É sempre uma atitude covarde e impessoal, destinada a punir de forma indiscriminada categorias inteiras de seres humanos. Imitando o pior do pensamento totalitário, os boicotes regularmente promovidos por humanistas como Chomsky enfiam no mesmo saco indivíduos de procedências distintas, com formações e até posições distintas face ao governo de Israel. Não existem dois israelenses iguais, como não existem dois brasileiros iguais. E é até provável, tendo em conta o pluralismo intrínseco da sociedade de Israel, que dois israelenses tenham posições radicalmente contrárias sobre o conflito com os palestinos. Basta ler os jornais do país, a sua literatura, o seu cinema.

Mas isso não perturba a grosseira estupidez dos intolerantes. Como nos piores momentos do século XX, a punição é coletiva: ser "israelense" é sempre um crime, tal como na Alemanha do Reich já era um crime ser "judeu". As patrulhas julgam, condenam e fuzilam. A identidade do réu; sua história; sua eventual defesa - nada é considerado nos julgamentos sumários da Academia. Impedir Chomsky de entrar em Israel é um ato vergonhoso; impedir qualquer israelense de ensinar nas universidades ocidentais é um ato imoral. Tão imoral como discriminar povoações inteiras de negros simplesmente porque são negros. A mentalidade do apartheid existe, sim, mas não onde Chomsky imagina.

domingo, 23 de maio de 2010

A MARCHA DO RIDÍCULO - 'Bobagens de Lula'

Reinaldo Azevedo

Uma coisa não se pode negar: “eles” são profissionais e contam com uma rede estruturada, azeitada e que atua com método. E têm a vantagem de se confrontar com um impressionante amadorismo. Estou me referindo, claro!, aos petistas. E não! Não vou desistir de torrar a paciência dessa gente. E mesmo que a crítica que aqui se faz fosse irrelevante, isso, por si mesmo, não definiria seu erro ou seu acerto. Vamos ver. Lula e a diplomacia megalonanica de Celso Amorim acabam de colher a sua mais formidável e inequívoca derrota, certo?

Bastaram três dias, no entanto, para que renovadíssimos jornais - não há reforma gráfica ou editorial que dê conta de conferir nova aparência ao adesismo - mudassem de rumo e convertessem o vexame numa vitória arrasadora. O cardápio só varia no molho, com mais ou menos teor de lulismo: você prefere o Lula do Jornal A, que teria se credenciado para ser o porta-voz dos emergentes, ou o Lula do Jornal B, candidato a secretário-geral da ONU - mas, consta, ele exige uma ONU diferente dessa para fazer ao mundo esse favor - ou a presidência do Banco Mundial?

Sim, senhores! O PT mudou completamente a pauta e, para espanto do mundo se o mundo se interessasse por aquilo que se publica aqui, Barack Obama - ninguém menos! - passou a ser tratado como uma espécie de besta-fera na luta contra um mundo multipolar. Junto quem! Um dos porta-vozes de sempre nos informa que o presidente brasileiro está decepcionadíssimo com seu colega americano… É como se o víssemos a menear a cabeça em sinal de reprovação: “Este rapaz não aprendeu nada! Precisa passar uns dias comigo aqui”.

O desastre das negociações com o Irã se transformou numa suposta luta dos países emergentes contra os cinco do Conselho de Segurança da ONU, que refletiriam, então, um mundo velho, saído dos escombros da Segunda Guerra. E, no entanto, a questão é extremamente simples: bastaria que o Irã permitisse amplo acesso da AIEA a suas instalações nucleares, pondo um fim a seu programa secreto na área. Diga-me, aqui, pelo amor de Deus: se Mahmound Ahmadinjead tivesse aceitado, junto com a troca de urânio, os outros termos da agência, existiria essa conversa de “países emergentes” contra os “donos do poder”?

Mais ainda: trata-se o Irã como se fosse um país qualquer, que estivesse sendo usado pelas potências como mero pretexto para tentar se agarrar ao que lhes resta de seiva, em seu suposto declínio. O Irã? Não há nenhuma causa melhor do que essa no mundo? Lula foi adotar justamente aquele que financia o terrorismo muito além de suas fronteiras, de maneira clara e decidida? Se bem que é preciso reconhecer: o Irã não é única “causa” de Lula. Há também Venezuela, Cuba, Manuel Zelaya…

A brutalidade da análise não se esgota aí. China e Rússia passaram a defender as sanções, embora não tenham motivos especiais para se subordinar aos EUA, o que, de fato, não fizeram. Os chineses, diga-se, usaram - lá vou eu com um clichê, mas que parece pertinente - a sua milenar sabedoria e defenderam as duas coisas ao mesmo tempo: sanção e negociação. Sabem que a primeira integra o leque de alternativas da segunda.

Que multipolaridade virtuosa seria esse que, na prática, tornaria o mundo menos seguro à medida que abriria caminho para uma corrida nuclear? Ou alguém imagina que os demais países do Oriente Médio se contentariam em ter um vizinho como o Irã com a bomba? “Sanções não vão adiantar”, esperneiam alguns. Talvez não! Então o que seria eficaz? Não sendo a guerra, trata-se de se conformar com a bomba - e com todas as outras que a seguirão. Por que o Brasil tem de ser um “mediador de conflitos” encarregado de demonstrar que o bandido não é assim tão bandido, já o mocinho também tem os seus pecados? Não seria melhor puxar as orelhas do mocinho, então, sem, no entanto, se converter à causa dos bandidos?

Celso Amorim é quem é, mas reconheço a sua competência para pautar energúmenos, que ou caem na sua conversa ou, na hipótese menos virtuosa, dedicam-se à prestação de serviços. E foi ágil, Vazou uma carta de Obama a Lula em que o presidente americano incentiva, sim, a busca do acordo, mas na qual deixa claro que não há saída de o Irã não se submeter às decisões da ONU. E o Irã já disse que não se submete. A carta, no entanto, foi tratada na imprensa nativa como como evidência de uma contradição do presidente americano!

Lula na ONU ou no Banco Mundial? Ele faz, sem dúvida, por merecer. No front externo, a sua grande obra foi ter transformado um pária como Ahmadinejad numa personagem da luta por um mundo multipolar. Mais: se sua iniciativa pró-Irã der certo, estaremos mais perto de uma corrida nuclearmos. Ele é mesmo o máximo!

domingo, 25 de abril de 2010

50 anos do Caso Eichmann

*por Leon Dische Becker e Eloise De Vylder

AFP/ UOL Notícias - http://tinyurl.com/35pfkdf

Cinquenta anos depois da prisão do criminoso de guerra nazista Adolf Eichmann pela Mossad israelense na Argentina, detalhes básicos de seus 15 anos como fugitivo continuam sendo segredo do governo. Os arquivos guardados pela agência de inteligência externa da Alemanha, a BND, continuam confidenciais até hoje - supostamente por motivos de segurança nacional. Um jornalista alemão entrou com um processo num tribunal federal pela divulgação dos arquivos.

Cinquenta anos se passaram desde a prisão de Adolf Eichmann, mas a agência de inteligência externa da Alemanha, a BND, ainda espera evitar a divulgação dos arquivos que detalham os movimentos do criminoso no pós-guerra. Um Tribunal Administrativo Federal em Leipzig está examinando quase 4.500 páginas de documentos secretos sobre Eichmann, um dos principais responsáveis pelos planos de Hitler para assassinar os judeus da Europa. O tribunal logo deve decidir se as justificativas do BND para manter os arquivos confidenciais ainda são aplicáveis e estão alinhadas com as leis de liberdade de informação do país.

O tribunal está usando procedimentos fechados "in curia" no qual os três juízes que consideram o caso são as única pessoas que têm acesso aos arquivos.

"O que é especialmente interessante é a grande quantidade de documentos que o governo está escondendo", diz o advogado Remo Clinger, cuja empresa de advocacia Geulen & Klinger está representando a jornalista Gabriele Weber em seu caso diante do tribunal de Leipzig.

De acordo com a documentação enviada ao tribunal, o BND afirma que o segredo é necessário porque boa parte da informação contida nos arquivos foi fornecida por um "serviço de inteligência estrangeiro" não revelado. Se a informação fosse divulgada, argumenta o BND, isso faria com que outras nações não queiram compartilhar informações de inteligência com a Alemanha no futuro. "Isso afetaria negativamente as cooperações futuras entre serviços de inteligência estrangeiros e as agência de segurança alemãs", argumentam os advogados do BND. O fato de que os arquivos são confidenciais levantou especulações consideráveis quanto à origem dos serviços de inteligência. O BND esclareceu que as informações não vieram de uma fonte norte-americana, e acredita-se amplamente que elas vieram da Mossad israelense, cujos agentes capturaram Eichmann em Buenos Aires em 1960. Em seguida ele foi levado a julgamento em Israel, onde foi condenado e enforcado.

Níveis até então desconhecidos de conluio

Uki Goñi, um proeminente jornalista argentino e especialista em fugitivos do pós-guerra nazista, tem um interesse especial pelos arquivos do BND e acha que as referências a um serviço de inteligência estrangeiro são uma desculpa para confundir. "Eles poderiam facilmente editar o nome do serviço de inteligência e o nome dos informantes", disse ele à "Spiegel Online". "Os arquivos revelariam níveis até então desconhecidos de conluio entre o governo alemão e os nazistas que fugiram do continente para escapar da justiça.

Em seu livro, "The Real Odessa", que descreve como o regime de Peron ajudou sistematicamente criminosos de guerra nazistas, Goñi documenta como esses criminosos viviam em liberdade em Buenos Aires. Membros do Serviço Exterior Alemão e nazistas visitavam os mesmos estabelecimentos e bebiam no mesmo bar. Os nazistas tampouco escondiam sua ideologia: "eles entravam e usavam sua saudação habitual", disse Goñi à "Spiegel Online". Eichmann não sentia necessidade de ficar na surdina naquela comunidade. A embaixada alemã em Buenos Aires deu a sua mulher e filhos passaportes com seus nomes verdadeiros, da mesma forma como haviam concedido um passaporte ao infame médico nazista Josef Mengele.

O advogado Reiner Geulen acredita que a informação mais explosiva contida nos arquivos está relacionada à fuga de Eichmann da Alemanha. "Ele estava bastante eloquente em Jerusalém - ele sabia que ia morrer de qualquer forma", disse Geulen. De acordo com Geulen, Eichmann explicou em grandes detalhes quem o ajudou a fugir da Alemanha e depois da Europa - informação em que os israelenses estavam muito interessados. "Há bons motivos para acreditar que ele recebeu ajuda de funcionários alemães, italianos e do Vaticano", diz ele.

"Chegou a hora de abrir os arquivos"

Um dos problemas foi a relutância bem documentada da Alemanha Ocidental em caçar criminosos de guerra nazistas. "Por que você acha que o promotor de Auschwitz e o promotor público de Frankfurt, Fritz Bauer, viajou para Israel para contar sobre o paradeiro de Eichmann em vez de contar para seu próprio governo?", pergunta Wilhem Dietl, ex-agente da BND e autor de um livro sobre o desaparecimento de Eichmann na Argentina. "Ele não confiava que os alemães quisessem encontrar Eichmann."

A biógrafa de Bauer, Irmtrud Wojak, concorda. Ela acredita que Bauer relutou em contar sobre o paradeiro de Eichmann para seu próprio governo por causa do número de ex-nazistas no governo. "Por fim, Werner Junkers, um ex-nazista, era o embaixador na Argentina", escreveu ela. Bauer temia que alguém no governo pudesse avisar Eichmann.

O filho de Adolf Eichmann, Ricardo Eichmann, um arqueólogo de Berlim que expressou repetidas vezes seu desgosto em relação ao pai, concorda com essa visão. "O que quer que esses arquivos digam", falou ele à "Spiegel Online", "chegou a hora de abri-los para avaliação acadêmica".

Reiner Geulen, da Geulen & Klinger, está confiante de que o julgamento em Leipzig terá resultados. "Nós imaginamos que muitos desses arquivos serão divulgados, embora eles possam ser fortemente editados", disse ele. A decisão deve sair em breve.

O jornalista Goñi, por sua vez, acredita que divulgar a informação fará com que a reputação da Alemanha melhore, e não que ela se suje. "O que quer que o serviço secreto alemão tenha feito nos anos 50 não deveria envergonhar ninguém hoje", diz ele. "A única coisa que deveria ser embaraçosa hoje é que eles estão tentando esconder essa informação."

Fonte: UOL Notícias

sábado, 17 de abril de 2010

Sangue no verde-e-amarelo

Clóvis Rossi*

BRASÍLIA - Faz um mês, depois de visitar o Yad Vashem, o Museu do Holocausto, em Jerusalém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que "a visita deveria ser quase obrigatória para todos os que querem dirigir uma nação". Seria, achava Lula, um modo de entender o "que pode acontecer quando a irracionalidade toma conta do ser humano".

O que faz depois o governo brasileiro? Recomenda a Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã, que visite o Yad Vashem? Não, ao contrário. O ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que, aliás, estava na visita ao museu de Jerusalém, entrega com um sorriso a camisa verde-e-amarela ao homem que nunca vai visitar o Yad Vashem, não só porque nega o Holocausto mas porque regularmente prega a "aniquilação" dos judeus.

É esse carinho absurdo o problema real das relações Brasil/Irã, e não a posição brasileira de preferir o diálogo às sanções para forçar o regime dos aiatolás a desenvolver um programa nuclear só para fins pacíficos.

Essa é matéria opinável. Tampouco é um problema o fato de Miguel Jorge e comitiva empresarial estarem em Teerã para fazer negócios. Desde sempre, países fazem negócios com quem lhes convêm, sem olhar minimamente para o caráter do regime com o qual negociam.

O que não é tolerável é fazer carinho em quem prende, tortura e mata os opositores, em quem limita brutalmente as liberdades públicas.

A Anistia Internacional divulgou faz pouco relatório em que aponta a execução de ao menos 112 pessoas no Irã nas oito semanas que se seguiram à reeleição de Ahmadinejad, vivamente contestada.

São mais de duas execuções por dia, quase o dobro da média dos seis meses anteriores à votação.

O gesto do governo brasileiro cobriu de sangue, pois, a camisa verde-e-amarela.

*Clóvis Rossi faz parte do Conselho Editorial da Folha de São Paulo

crossi@uol.com.br

'Apoiar o Irã é dizer não à democracia'

Artigo do leitor Cesar de Oliveira Castro

A questão nuclear é realmente muito complexa, e o melhor caminho é analisar todos os lados para se ter uma posição certa e equilibrada. Um leitor escreveu sobre se curvar diante dos EUA, e comentou também sobre as tradições do Irã e o fato Israel ter armas nucleares. Tudo isso deve ser levado em conta, mas devemos lembrar que Israel nunca começou um conflito sem ter sido agredido, que os costumes do povo iraniano já não são tão bem aceitos por eles mesmos, e que o Brasil deve cuidar da sua opinião e não ser uma oposição sistemática dos EUA.

Nossa opinião vai ser sempre dada de uma forma diferente, pois não sofremos com os horrores do terrorismo. O Irã apóia o terrorismo abertamente ao tomar certas posições. É um país onde a liberdade de todas as formas foi extinta. Tem histórico de agredir sempre de várias formas o mundo ocidental. Apoiar o Irã é dizer não à democracia, é fechar os olhos a toda forma de desrespeito dos direitos humanos. Temos que manter relações comerciais com todas as nações, mas temos que ter o objetivo de sermos declaradamente a favor do mundo livre em que se respeite os direitos humanos.

Alguns acham que o Irã tem o direito de fazer armas, mas esquecem dos direitos que o governo do Irã desrespeita com seus cidadãos e com o resto do mundo. Se essa é sua opinião, paciência, mas deixar um país terrorista possuir armas nucleares é na minha opinião concordar que uma guerra nuclear possa começar a qualquer momento. É se esquecer que os iranianos são movidos pelo fanatismo em nome de sua religião e são passionais com relação ao Ocidente. Algumas facções crescem sendo ensinadas que nós, ocidentais, não somos filhos de Deus, logo nos matar não é pecado.

O governo tem que pensar muito, não com a cabeça do presidente, mas com alguém com conhecimento histórico e avaliar os dois lados da questão.

Este artigo foi escrito por um leitor do Globo

terça-feira, 13 de abril de 2010

7 Perguntas: A Infiel



Por Jenny Hazan

Dra. Wafa Sultan está tentando transformar o mundo Muçulmano. Uma entrevista exclusiva.



Dra. Wafa Sultan primeiro chegou às manchetes depois do 11- 9, quando ela falou contra os rumores gerados no mundo Islâmico de que os ataques tinham sido perpetrados por Judeus e pela CIA. Quatro anos e meio depois, ela provocou mais controvérsia quando apareceu na Al Jazeera, onde argumentou contra a teoria de Samuel P. Huntington do "choque de civilizações" entre o mundo Muçulmano e o mundo Ocidental, e pintou um quadro do conflito livre do relativismo cultural, como sendo o da modernidade contra o barbarismo. No ano passado, ela chamou atenção novamente com a publicação de sua biografia Um Deus que Odeia: a mulher corajosa que inflamou o mundo Muçulmano fala contra os males do Islã Radical (St. Martin's Press, 2009).


Em 2006, o nome da Dra. Sultan apareceu na Time Magazine como sendo uma das 100 pessoas mais influentes no mundo, por expressar abertamente suas críticas sobre o extremismo Islâmico, criticas essas raramente exibidas pelos Muçulmanos. Ela fez isto na primeira página do New York Times, e sua coleção de vídeos no YouTube já foi vista mais de um milhão de vezes.

Desde que a psiquiatra escapou da Síria, sua terra natal, para a Califórnia em 1989, ela fez disto o trabalho de sua vida para abrir os olhos do mundo Ocidental à realidade Islâmica, reeducar o mundo Muçulmano, e criar uma revolução Muçulmana moderada. Este trabalho tem custado sua terra natal, seu relacionamento com a maioria de sua família, sua segurança pessoal e a de sua família.

Tem sido uma luta solitária e muitas vezes aterrorizante. Mas a Dra. Sultan não olha para trás. Ela se orgulha de ter sido uma das primeiras a falar e criar mudanças em ambos os mundos Islâmico e Ocidental. Ela se conforta na convicção de que está lutando pela verdade, pela vida, e pela vitória do bem sobre o mal.

Em uma entrevista concedida por telefone a partir de um local secreto, ela revela por que, contra todas as probabilidades, está confiante de que ela e aqueles que pensam como ela, irão prevalecer.

P1. Por que e quando você deixou a Síria?

Eu acredito que se você der a chance a qualquer homem ou mulher Muçulmana de deixar o seu país, a maioria deles não vai rejeitar a oportunidade por causa da situação miserável em que vivemos em todos os países Islâmicos. Nossa situação é um produto de nossos ensinamentos Islâmicos, os quais somos forçados a seguir, e que não são humanos.

Para mim, o doloroso ponto em que tudo mudou aconteceu em 1979, quando os membros da Irmandade Muçulmana balearam meu professor na University of Alepo Medical School, bem na minha frente. Dr. Yusef al Yusef pertencia à mesma seita Islâmica do presidente Sírio. Enquanto eles atiravam nele, gritavam "Alá é grande!" Na época eu não imaginava que isso acabaria por levar-me a ser quem eu sou hoje, mas este fato me forçou a começar a me perguntar que tipo de Alá nós estamos adorando. Aquele que inspira os homens a matar.

É claro que o meu relato dos eventos tem sido refutado. Alguns dizem que isto não aconteceu no campus, alguns dizem que eu não estava lá para vê-lo. Outros dizem que isto sequer aconteceu. Esta é a única forma que essas pessoas conhecem de se defender. Eles nunca aprenderam como desafiar, logicamente, então quando algo vai contra eles, eles dizem que não é verdadeiro, ou que alguém fez isso, não eles. Esta é a mentalidade deles.

P2. Qual é o problema com o Islã?

Por muitos anos depois do assassinato de meu professor, eu lutei contra um profundo conflito psicológico sobre o que estava por trás do mal naquele dia – seria o próprio Islã ou más pessoas que se apossaram do Islã? Foi extremamente difícil para mim admitir onde o problema estava, mas eu cheguei à conclusão de que o problema está profundamente enraizado no Islã. Os muçulmanos são vítimas de sua própria religião, e não o contrário.

O mundo tem que entender que esta é a raiz do problema. É o Islã. Não é o Islã fundamentalista. Não é o Islã político. Não é o Islã de Wahhabi. Não é o Islã militante. Cresci na Síria, sem nunca ouvir nenhum desses termos. O problema é com o Islã em si. Ele é violento por natureza.

Se você deixar o Alcorão de lado por um momento e olhar a vida de Maomé, um modelo para todo homem Muçulmano, você vai saber o que eu quero dizer. Em uma história “heróica", o profeta decapita 80 homens Judeus, estupra suas mulheres e mata seus filhos e pais, na frente delas. Diga-me, como você pode interpretar essa história de uma forma humana? Alunos Islâmicos da terceira série vêm aprendendo esta história pelos últimos 1.400 anos.

O problema com o Islã é que lhe falta um código moral. Não há ética. A única responsabilidade que um Muçulmano tem é a de adorar Alá, nada, além disso. Os valores humanos mais importantes estão em falta aqui – se sentir responsável por suas más ações ou se arrepender de tê-las cometido. Se você não assumir a responsabilidade por suas más ações, o que mais resta para os seres humanos para construir uma boa vida?

Resulta que o problema nos países Islâmicos não é só com os nossos governos, não é só devido a pobreza e a carência de educação. Sociedades Islâmicas fundamentalmente carecem de ética. Este problema está profundamente enraizado no Islã. Uma vez que você seja capaz de resolver a parte religiosa do mesmo, a parte política será facilmente resolvida.

P3. Se o Islã é uma batalha contra o "infiel", porque os Judeus são mais frequentemente o foco do ataque Islâmico do que os cristãos?

Fomos educados para odiar, para acreditar que devemos apenas adorar Maomé e destruir todos os que não o adoram. Sofremos uma lavagem cerebral para acreditar que o Islã vai dominar o mundo. Nosso principal objetivo - que aprendemos em uma idade muito precoce - é destruir quem não crê no Islã, especialmente os Judeus.

Para responder por que os Judeus em particular, temos de voltar à vida de Maomé. Maomé ensinou que você tem que se manter matando Judeus até o dia do julgamento. Uma lenda conta que no dia do julgamento os Judeus vão tentar se esconder atrás de qualquer coisa que possam encontrar e tudo na terra - pedras, arbustos e colinas - irão sussurrar para os Muçulmanos os locais onde os Judeus estarão aos para que eles possam encontrá-los e matá-los. Todas as coisas que existem na terra, exceto por um certo tipo de árvore, que simpatiza com os Judeus e se recusa a dizer onde estão os seus esconderijos. Um Imã na televisão Árabe disse à sua audiência que essa é a razão pela qual os Judeus em Israel, plantam tantas árvores - para se esconder atrás delas no dia do julgamento.

Minha hipótese é que durante o tempo de Maomé, os Judeus eram mais teimosos para manter a sua religião do que os Cristãos. Os Judeus são descritos no Alcorão como mais hostis ao Islã do que Cristãos. Esta pode ser a razão deles serem o maior alvo Islâmico.

P4. Como você espera mudar os países Islâmicos?

Eu sou uma escritora bem conhecida no mundo Islâmico, onde estou em contacto com milhões de leitores através do meu site. Quando eu escrevo algo que no Ocidente parece muito básico, como porque não é bom mentir, é muito controverso porque eles nunca ouviram falar sobre isso antes.

Esta maneira de educação de valores básicos é a ferramenta número um. Estas pessoas têm sido prisioneiros nos últimos 1.400 anos. A única maneira de mudar as coisas é dar-lhes a oportunidade de serem educados e a liberdade de serem expostos à diferentes pensamentos para que eles possam chegar a suas próprias conclusões.

Por muitos anos, eu tenho criticado os ensinamentos Islâmicos e eu sinto que é como se eu tivesse criado um vácuo para os Muçulmanos no mundo Árabe. Agora estou numa fase onde eu estou construindo um sistema de valores para preencher esta lacuna. Quando você tira alguma coisa, você tem que substituí-la por outra coisa. Eu estou ensinando aos meus leitores valores éticos básicos: como dizer que sente muito se fizer algo errado, como dizer obrigado, por que não mentir, como para ser honesto com seus filhos e como tirar o ódio de seu modo de vida. Estou maravilhada com as respostas positivas de meus leitores.

Gostaria de ampliar meu impacto. Na semana passada recebi um email de um professor universitário do Marrocos, que está construindo um movimento civil contra o Islã com os seus alunos, e pediu-me para me juntar a eles, para inspirá-los.

Eu também tento dar o exemplo. É muito difícil pegar uma estrada ainda não percorrida. É da natureza humana procurar o caminho já percorrido. Mas não quando você toma o caminho não percorrido ele te leva para um lugar onde ninguém foi ainda. Nesta minha jornada tenho inspirado milhões de Muçulmanos. Não tenho dúvidas de que estou fazendo uma mudança positiva no mundo Muçulmano. Acredito que as sementes que estou plantando agora irão produzir grandes resultados daqui a três ou quatro gerações.

P5. Como você espera mudar os países ocidentais?

Quando comecei eu pensei que só precisava reeducar o meu povo no mundo Muçulmano para criar uma nova mentalidade, limpa de ódio. Mas depois que fui introduzida no Ocidente, eu, infelizmente, descobri que o Ocidente precisava ser reeducado, também.

Espero poder ajudar as pessoas no Ocidente a compreenderem a mentalidade Muçulmana. Eles jamais conseguirão derrotar o terrorismo Islâmico, a menos que primeiro entendam essa mentalidade. Você precisa entender os valores do seu inimigo, a fim de levar a melhor sobre eles. A guerra contra o terror tem de ser travada em uma frente ideológica, assim como a militar. O Islã como uma ideologia política, não foi contestada nos últimos 1.400 anos. O apaziguamento do Ocidente tem dado aos Muçulmanos a mensagem de que eles estão certos.

Eu digo com o coração partido, mas você está lutando contra alguém que está disposto a morrer para matar você, então o que você pode infligir a ele? O Ocidente fica com apenas duas opções – matá-los ou ser morto.

Já a situação na Europa é terrível. Eu não me sinto segura lá. Muçulmanos deixam os seus países à procura de uma mudança positiva no Ocidente, mas quando chegam lá, eles não se sentem pressionados a mudar. Eles estão jogando dois jogos: vivendo vidas ocidentais e dizendo ao Ocidente, que são "moderados" e a favor de mudanças, enquanto ao mesmo tempo contam ao seu povo em seus países uma história diferente. Em 50 anos, eu posso ver mais e mais Muçulmanos na Europa e nos EUA. E se nós perdemos o Ocidente - se perdermos a América - onde mais poderemos ir?

P6. Porque o mundo Ocidental está demorando a acordar?

Aqui no Ocidente, precisamos eleger pessoas que estejam dispostas a desafiar a Sharia Islâmica. Será necessário poder político para pará-la. E para que as pessoas saibam que tipo de líderes devem eleger, elas precisam ser educadas sobre o Islã.

Mas é mais do que apenas carência de educação ou de compreensão. Há também interesses conflitantes. O Ocidente precisa do petróleo Saudita e na cultura Islâmica, quando você precisa de mim, eu possuo você. Nos últimos 30 anos, os Sauditas têm procurado fortalecer o Islã no Ocidente, através dos Muçulmanos que vivem aqui. Agora, o governo Saudita está tentando parecer mais moderno e pacífico, mas os danos que causaram já está feito.

Em uma época, eles estavam oferecendo pagar $1.000 para qualquer Americano Muçulmano que acrescentasse "Mohamed" em seu nome. Esta era sua maneira de se infiltrar na sociedade Ocidental.

O rei Saudita também tem muito poder no mundo Islâmico para criar mudanças. Todos no mundo Muçulmano esperam para ver o que o governo Saudita vai fazer. E se não for de seu interesse, eles não fazem nada. Eles sabem que o Ocidente não pode forçá-los porque o Ocidente precisa de petróleo.

É uma situação muito assustadora. Ao mesmo tempo, eu vejo mais pessoas na América despertando. Tenho quase certeza de que o Ocidente vai vencer essa guerra ideológica. A questão é: a que custo? Quantas vidas terão de ser sacrificadas?

P7. Como sua vida mudou?

Minha vida mudou em muitos aspectos nos últimos 20 anos. Para começar, temos de nos mudar a cada seis meses. Eu tenho recebido mais ameaças de morte de mais lugares no mundo do que eu posso contar. Isto se tornou um modo de vida para mim. Não significa que eu não tenha medo, mas eu tento superar o meu medo e aprecio muito esse processo de superação.

Claro que eu nunca mais vou poder voltar para a Síria, ou ir a qualquer país Islâmico novamente. É devastador, porque muito da minha família está lá, meus amigos, e minhas lembranças de infância. Eu estaria mentindo se eu dissesse que isto não me afeta. É como quando você arrancar uma árvore do seu lugar, ela morre. Haverá sempre algo faltando dentro de mim e eu provavelmente vou sentir isto para o resto da minha vida.

Há outros aspectos psicológicos. Eu não me considero "limpa" ainda. Não é fácil se livrar de quem você é e do que lhe foi dito nos primeiros 5-10 anos de sua vida. Não tem sido fácil desfazer o dano que foi feito. Eu ainda estou trabalhando nisso. Viver nos Estados Unidos e estar exposta a diferentes sistemas de crenças e valores tem ajudado muito nesse processo. Eu também fui abençoada com um marido bom, que me apóia.

Eu não me converto porque não acredito em qualquer outra religião específica. No que eu acredito é que existe algum tipo de super poder e é para o bem. Quando eu chego a um ponto onde me pergunto, 'por que você fez isso?’ É a este poder que eu me sinto conectada. É esse tipo de fonte de energia positiva que me faz continuar. Ele me enche com a paixão e a força para continuar.

Tradução: Ivan Kelner

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