Fahmi Shabaneh é um estranho candidato ao status de dissidente. Shabaneh é um Jerusalemita que se juntou ao Serviço Geral de Inteligência (SGI) da Autoridade Palestina em 1994. Trabalhando para o líder da AP Mahmoud Abbas e para o comandante da SGI Tawfik Tirawi, Shabaneh foi incumbido de investigar Árabes Jerusalemitas suspeitos de vender terras para Judeus.
Tais vendas são uma ofensa capital para a AP. Desde 1994 inúmeros Árabes tem sido vitimas de execuções extrajudiciais após serem apontados por gente como Shabaneh.
Poucos anos atrás, Abbas e Tirawi deram a Shabaneh uma nova tarefa. Eles o colocaram a cargo de uma unidade responsável por investigar atividades de corrupção de membros da AP. Eles provavelmente supunham que um membro da equipe como Shabaneh compreenderia o que tinha de fazer.
Como o predecessor de Abbas, Yasser Arafat, que sabidamente possuía dossiês completos de todos os seus subordinados e usava informações condenatórias para mantê-los fieis a ele, Abbas provavelmente acreditava que as informações de Shabaneh seriam suas para usá-las ou ignorá-las de acordo com a sua conveniência.
Por um tempo, Abbas parecia certo na sua crença. Shabaneh coletou uma enorme quantidade de informações sobre os membros mais antigos da AP detalhando suas atividades ilegais. Estas atividades incluíam o roubo de centenas de milhões de dólares da ajuda internacional; o confisco ilegal de terras e lares; e extorsões monetárias e sexuais de seus companheiros Palestinos.
Com o tempo, Shabaneh se desiludiu com o seu chefe. Abbas o nomeou para sua função no período em que havia sido eleito líder da AP em 2005. Abbas concorreu com uma plataforma anticorrupção. As informações de Shabaneh demonstravam que Abbas posava de governante presidindo um sindicato criminoso. E ao invés de prender seus corruptos camaradas criminosos, Abbas os promoveu.
Abbas continuou promovendo seus colegas corruptos mesmo depois da vitória eleitoral do Hamas em 2006. Aquela vitória se deveu em um grau significativo à revolta publica difundida contra a desmedida corrupção do Fatah.
Com Israel e Estados Unidos tomando partido e o apoiando depois da vitória do Hamas, Abbas continuou fazendo vista grossa aos seus colegas criminosos. Protegido pelo seu novo status de moderado insubstituível, ele permitiu que seus conselheiros e colegas continuassem enriquecendo com os fundos de doações internacionais que subiram como um foguete após a vitória do Hamas.
Desde 2006, apesar dos bilhões de dólares da ajuda internacional despejados no Fatah, o Hamas tem sempre batido o Fatah nas pesquisas de opinião. Ao invés de limpar a sua barra, Abbas e seus colegas do Fatah tem procurado a simpatia de seu público aumentando o incitamento contra Israel. E como que Abbas tem sido considerado insubstituível, o mesmo Ocidente que faz vista grossa à sua corrupção, se recusa a criticar o seu encorajamento ao terrorismo. E isto faz sentido. Como pode o Ocidente questionar a única coisa que se encontra no caminho do Hamas para tomar a Judéia e Samaria?
Recentemente, Shabaneh decidiu que já tinha tido o bastante. O tempo para expor o que sabia havia chegado.
Mas ele se deparou com uma dificuldade não prevista. Ninguém queria saber. Como ele mesmo colocou, os jornalistas árabes e ocidentais não tocariam em sua história por medo de serem “punidos” pela AP.
Em suas palavras, jornalistas ocidentais “não querem ouvir coisas negativas sobre o Fatah e Abbas”.
Na falta de opções, Shabaneh trouxe suas Informações para Khaled Abu Toameh do Jerusalem Post.
No dia 29 de Janeiro, o Post publicou a entrevista de Abu Toameh com Shabaneh na nossa primeira página. Entre outros furos jornalísticos impressionantes, Shabaneh relatou que os associados de Abbas roubaram 3.2 milhões de dólares em cash que os Estados Unidos deram antes das eleições de 2006. Ele contou para Abu Toameh como funcionários públicos da AP que não tinham um centavo em 1994 tinham agora dezenas ou até mesmo centenas de milhões de dólares em suas contas particulares. Ele relatou como viu com horror Abbas promover estes mesmos funcionários denunciados em seu relatório. E ele mostrou para Abu Toameh um vídeo do chefe de estado-maior de Abbas Rafik Husseini nu no quarto de uma mulher Cristã que procurava por emprego na AP.
Se as histórias de Shabaneh fossem sobre Israelis ou funcionários públicos ocidentais, sem dúvida elas receberiam atenção de todos os órgãos de noticias respeitados do mundo. Se ela estivesse falando sobre Israelis, funcionários de Washington a Bruxelas e ONU estariam clamando por investigações oficiais. Mas como ele estava falando sobre os Palestinos, ninguém se importou.
O Departamento de Estado não tinha nada a dizer. A União Européia não tinha nada a dizer. The New York Times agiu como se as revelações fossem sobre nada além de escândalos sexuais.
Quanto a Abbas e seus companheiros, eles foram rápidos em responsabilizar os Judeus. Eles acusaram Shabaneh - seu homem de confiança quando se tratava de vender terras para os judeus - de ser um agente israelense. E quando o Canal 10 anunciou que estava transmitindo a descomedida pilhagem de Husseini, Abbas exigiu que o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu impedisse a transmissão, (aparentemente se esquecendo que, ao contrário do controle da mídia da AP, os órgãos de mídia de Israel são livres).
A ODISSEIA DE SHABANEH de leal à dissidente do regime da AP é um conto interessante. Mas o que é mais digno de nota do que a sua jornada Pessoal é a indiferença do mundo diante de suas revelações.
Assim como montanhas de evidências de que funcionários do Fatah – incluindo Tirawi, patrão de Shabaneh – tem se envolvido ativamente em ataques terroristas contra Israel tem sido sistematicamente ignoradas por sucessivas administrações dos Estados Unidos, governos Israelis e por chefes da política exterior da UE, também ninguém quer sequer pensar sobre o fato de que o Fatah é um sindicato criminoso, As implicações são por demais devastadoras.
Pelo menos desde 1994, sucessivas administrações dos Estados Unidos instigadas pela UE têm feito do apoio ao Fatah e a AP o ponto central de sua política para o Oriente Médio. Eles querem receber provas de que o Fatah é uma organização terrorista que opera como uma organização criminosa como eles querem – nas palavras imortais do ex- enviado da UE ao Oriente Médio, Christopher Patten - "um buraco na cabeça [deles].”
Quanto aos meios de Comunicação ocidentais, a sua falta de interesse nas revelações de Shabaneh serve como um lembrete do quão falsas são muitas das reportagens sobre a Palestina e Israel. Por 16 anos, a mídia Americana e Européia têm feito vista grossa à má conduta Palestina, enquanto expansivamente noticia qualquer algação contra Israel – não importando o quão inconsistente ou claramente falsas elas sejam.Quando a história da cobertura da mídia do Oriente Médio for escrita, ela se constituirá um dos capítulos mais sombrios da história da mídia Ocidental.
Mas enquanto a submissão de Americanos e Europeus à fábula de que o Fatah é a ancora para uma solução de dois estados reflete na indiferença de ambos sobre as revelações de Shabaneh, o que conta para o comportamento do governo de Netanyahu sobre essa matéria?
Pouco tempo depois de o Post publicar pela primeira vez a história de Shabaneh, a AP emitiu um mandato de prisão contra ele. Ele foi acusado, entre outras coisas, de “prejudicar os interesses nacionais” dos Palestinos.
Mas os homens de Abbas não puderam colocar as mãos nele. Israel já o havia prendido.
Shabaneh foi autuado entre outras coisas, por trabalhar ilegalmente para a AP. De fato é ilegal para residentes Israelis trabalhar para AP. Mas estranhamente, apesar das autoridades Israelis terem conhecimento para quem Shabaneh trabalhava desde 1994, até suas revelações se tornarem públicas, eles nunca viram nem uma necessidade premente de prendê-lo ou processá-lo.
As autoridades de Israel nada tinham a dizer sobre as informações de Shabaneh. Ao contrário, na época das revelações, todos, de Netanyahu ao Ministro de Defesa Ehud Barak continuaram a proclamar diariamente sua dedicação para alcançar um acordo de paz com Abbas. Esta postura foi mantida mesmo quando Abbas e seus companheiros acusaram Israel de usar o “traidor” Shabaneh para pressionar Abbas para negociar dom Israel.
Existem duas explicações para o comportamento de Israel. Primeiro, existe o fato de que a presença de Barak e de seu partido trabalhista no governo torna impossível para Netanyahu e seu partido Likud abandonar o enfraquecido paradigma de dois estados para lidar com a AP. Se Netanyahu e seus companheiros tivessem que apontar que a AP é uma cleptocracia e que suas autoridades mais antigas permitem o terror e a escalada do incitamento para desviar a atenção pública de sua criminalidade, (e também porque eles querem destruir Israel), os trabalhistas poderiam querer re-examinar com mais cuidado a coalizão.
Além disto, não há dúvidas que uma denuncia Israeli de Abbas e sua máfia enfureceria os EUA e a UE. Aparentemente, Netanyahu – que para agradar o Presidente Barack Obama aceitou o paradigma dos dois estados a despeito do fato dele se opor a isto, e suspendeu construções Judaicas na Judéia e Samaria apesar do fato dele saber estar agindo errado – soa detestável provocar apontando o fato obvio de que a AP é formada por um bando de ladrões opressivos e corruptos.
Shabaneh afirma que devido a corrupção da AP, o Hamas permanece sendo a alternativa preferida dos Palestinos na Judéia e Samaria. No seu ponto de vista, a única razão do Hamas não ter tomado ainda a Judéia e Samaria é a presença das Forças de Defesa de Israel nas áreas.
As implicações estratégicas de suas declarações são claras. Longe de ser um baluarte contra o Hamas, Abbas da poder as forças jihadistas financiadas pelo Irã. A única defesa contra o Hamas é Israel.
O QUE ISTO significa é que Israel precisa dar um ponto final ao seu apoio a Abbas. Cada dia que ele permanece no poder, Abbas perpetua o mito da moderação Palestina. Como um pretenso moderado, ele alega que Israel deveria cortar suas operações de contra-terror e deixar que as suas próprias forças “moderadas” assumam.
Para fortalecer Abbas, os EUA pressionam Israel para cortar suas operações de contra-terror na Judéia e Samaria. Para agradar aos Estados Unidos, Israel por sua vez resume suas operações.
Os homens de Abbas lutam contra o Hamas, mas eles também aterrorizam jornalistas, comerciantes e civis comuns que cruzam seus caminhos, fortalecendo assim, o Hamas. Para alavancar o apoio público para o Fatah, Abbas aumenta o incitamento da AP contra Israel. Isto então encoraja suas próprias forças para atacar Israelis – como aconteceu na semana passada quando um de seus oficiais de segurança assassinou o sargento da FDI Ihab Khatib. E por ai vai.
Está claro que Barak vai ameaçar sair da coalizão se Netanyahu decidir romper com Abbas. Mas se ele saísse, para onde iria? Barak não tem para onde ir. Ele não vai ser reeleito pra liderar seu partido. E se o Trabalhista sair da coalizão, Netanyahu ainda estaria bem longe de perder sua maioria no Knesset.
Quanto a enfurecer a Casa Branca, o ponto x da questão é que apontando Abbas como um líder não credível, Israel vai tornar mais difícil para Obama e seus e assessores forçá-lo a fazer mais concessões o que irá fortalecer ainda mais o Hamas.
Shabaneh disse ao Post que espera com certeza que a AP tente assassiná-lo. Mas de certa forma, a chateação como sua história foi recebida é a sua melhor apólice de seguro de vida. Enquanto o mundo não parar de acreditar que o Fatah é indispensável, ninguém irá escutar os Shabanehs da vida e assim a AP não terá razão para matá-lo.
Assim como o Post seria o único órgão de mídia que publicaria sua história, o governo de Israel é o único governo que pode forçar o resto do mundo a reconhecer que Abbas não é um aliado. Mas para fazer isto, o próprio governo precisa finalmente pôr fim ao conto de fadas da moderação do Fatah.
The Fatah fairy tale ( http://www.carolineglick.com/e/2010/02/the-fatah-fairy-tale.php ) - Originalmente publicado no The Jerusalem Post.
Tradução: Ivan Kelner
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